quinta-feira, 8 de julho de 2021

Final de semestre letivo

Perto das férias, os professores elaboram recuperações, fecham as notas, conversam sobre diversos assuntos nos intervalos e eu, que também sou professora, optei por algo diferente. Isolei-me numa sala de aula vazia enquanto leio um livro em pdf chamado "Comunicação não-violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais" de Marshall Rosenberg. Recomendo a você, leitor.
Enquanto tento me concentrar nas linhas apresentadas à minha frente, deparo-me com muitas situações exemplificadas nesse livro de que a linguagem pode perpetuar valores que não consideramos positivos. Além disso, há alguns pequenos "passos" que o autor elenca. A leitura rápida e proveitosa me fez chegar a um poema que preciso compartilhar aqui.
Para deixar um pouco mais esclarecido, leitor, o seguinte texto vai propor um exercício de comparação entre leitura estática e leitura dinâmica. Basta lê-lo para compreender melhor o que quero dizer.

Poema de Ruth Bebermeyer
"I’ve never seen a lazy man"

Nunca vi um homem preguiçoso;
já vi um homem que nunca corria
enquanto eu o observava, e já vi
um homem que às vezes dormia
entre o almoço e o jantar, e ficava
em casa em dia de chuva;
mas ele não era preguiçoso.
Antes que você me chame de louca,
pense: ele era preguiçoso ou
apenas fazia coisas que rotulamos de "preguiçosas”?

Nunca vi uma criança burra;
já vi criança que às vezes fazia
coisas que eu não compreendia,
ou as fazia de um jeito que eu não planejara;
já vi criança que não conhecia
as mesmas coisas que eu;
mas não era uma criança burra.
Antes de chamá-la de burra,
pense: era uma criança burra ou
apenas sabia coisas diferentes das que você sabia?

Procurei quanto pude,
mas nunca vi um cozinheiro.
Já vi alguém que combinava
ingredientes que depois comíamos,
uma pessoa que acendia o fogo
e cuidava do fogão que cozinhava a carne.
Vi todas essas coisas, mas não vi cozinheiro.
Diga-me o que você vê:
você está vendo um cozinheiro ou alguém
fazendo coisas que chamamos de cozinhar?

O que alguns chamam de preguiçoso
outros chamam de cansado ou tranquilo;
O que alguns de nós chamamos de burro
para outros é apenas um saber diferente.
Então, cheguei à conclusão
de que evitaremos toda confusão
se não misturarmos o que podemos ver
com o que é nossa opinião.
E, por isso mesmo, também quero dizer
que sei que esta é apenas minha opinião.

Disponível em: https://www.leonardokurcis.net.br/observar-sem-julgar. Acesso em: 08/07/21.

segunda-feira, 27 de abril de 2020

Amargura

Essa era de ficar em quarentena está me matando. Visto que, embora no início desse blog eu era a pessoa caseira, acabei me tornando o oposto e prefiro a vida agitada. As reações que tenho são resultado de uma rotina indesejada. Ficar em casa é até certo ponto bom. Você faz as tuas coisas de pijama enquanto toma café na tua caneca preferida. Ouso a dizer que você pode até falar sozinho sem ser julgado. Que vida!
O lado não tão bom disso é que há necessidade de muita disciplina para tanto trabalho. Estou constantemente com dores de cabeça porque o meu quarto costumava ser o templo do descanso, do lazer em 90% do tempo. Agora é 100% dever. Eu nem tenho escolha para onde ir e o que fazer. Infelizmente, a energia do meu cantinho está carregada de preocupações. Eu queria poder livrá-lo disso.
Antigamente, eu vinha aqui para escrever tolices engraçadas, anedotas e imaginações sem pé nem cabeça. Tudo que eu queria era expor o que a minha mente estava superlotando. Agora sou essa amargura que só consegue pensar em prazos e ordens a serem cumpridas. Vida de adulto será? Não sei lidar. 
Saudade da época em que elaborar um texto para o curso superior era uma preocupação. Aquilo nem era nada perto disso. De fato, os dois são desgastantes, mas em níveis diferentes. Sei que ficar em isolamento não é algo exclusivo a mim, porque não é uma situação local. Está acima de nossas possibilidades de escolha. Mesmo assim, que falta sinto da minha rotina de ir para lá e para cá; de reclamar de outras coisas.
Aí você que está lendo pensa "e daí?". Eu respondo "sei lá, viu". Estou perdida. De quê adianta ficar nesse falatório infinito? Aliás, o TEMPO é precioso. É também algo que não sei administrar muito bem, seja por falta de costume, vontade ou energia. Por isso, já vou.

terça-feira, 8 de agosto de 2017

Getting it off my chest

Today I am not okay. Probably because I am too stubborn to accept other opinions. Probably because today is not my day. I don't know exactly. If I could solve this problem, I would do something. Today I woke up sad, hopeless, sleepy and a little bit tired. I don't want to know about other lives, about your things, if you are well. I am thinking about myself, about my mind. Can I stay alone now? If no one understand me until the moment, why are you going to do it? There is no reason to believe in that. I must repeat: I am not okay, guy. Do you feel like me? It can be just a cold, it can be just the life saying to me that the days aren't the same. If yesterday was funny, today it isn't. I want you close your mouth. I want you don't look at me. I want you don't observe me. I just want you hear me. I just want you try to understand me, but stay quiet. Don't say any word. I don't want to hear you. It's paradoxal, isn't it? I don't want to be famous because of my problems, neither of my happiness. I was pretending that I was happy. I am not a clown. I am not your doll. I am not your child. I am not your friend. I am not your partner. I am not anything to you. I like to be the way I am, this metamorphosis. This is the way I am. Get out of here. Please. You don't need to be polite. You need to disappear. Disappear.

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domingo, 30 de abril de 2017

Strange name

If you have a strange name, keep away from me. My destiny is know people who have strange names. It's a kind of dillema. I am not lying. Believe in me.
Anywaym, I am writing this text by the effect of alcohol.
So, if you do not trust me, I will understand. hahah
See you

p.s.: skol beats secrets

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Breve

Diz que está com saudades, ele está querendo me sufocar. O mistério que emana das suas palavras desperta o meu interesse. Ele sabe. Ele gosta. Ele é bom nisso. Como se não precisasse do seu bom dia todas as manhãs, eu me mascaro de insensível. Em contrapartida, a cada nova postagem ou lembrança que ele atualiza nas redes sociais meu nervos vão à flor da pele. Por que me apeguei a alguém que me deixa vacilante? É como se eu gostasse de viver nas incertezas e achei a pessoa ideal para me afogar nelas. Minha kriptonita.
Fazia tempo que queria voltar para cá e escrever as mesmas bobagens de sempre. Esse intervalo só me deixou com a cabeça cheia de textos, de coisas que pessoas leem mas interpretam mal por minhas atitudes equivocadas. É muita confusão para os meus 25 anos.
De qualquer modo, voltei. Não sei se só por hoje ou com certa frequência. Prefiro pensar na segunda hipótese. Gosto de escrever e expor a mim mesma o que penso. Pessoalmente, acho paradoxal: vicioso e saudável. Estou tendo dias corridos, como sempre sonhei. Quase que escolho a minha rotina. A minha segunda-feira, por exemplo, é minha manhã de folga. Tudo organizado previamente. Basta-me escolher agora se aquela pessoa que me refiro no início do parágrafo vai continuar embaralhando meus pensamentos. Aliás, eu tenho escolha? Eu tenho como escolher? Imersa nesses raciocínios infrutíferos, deixo-vos com esse pequeno texto inconcluso.

terça-feira, 10 de maio de 2016

Obrigada, de nada

Eu estava na sala dos professores aguardando o sinal bater para ser oficialmente meu horário vago. Era pouco mais de dez horas e o menino senta-se à minha frente com um papel na mão. Espiei e com a ajuda dos meus óculos pude ver do que se tratava: Atividade de Matemática, dez questões. O menino tampouco olhara para o material e eu já imaginando se conseguiria resolver aquelas equações, visto que sou professora de Língua Portuguesa.
Entra a pedagoga e nota aquela cena: o menino debruçado sobre a mesa, com o rosto entre as mãos. Ao seu lado nenhum lápis, borracha, caneta. Nem um esforço. Logo eu a ouvi perguntando se ele trouxera material, a resposta fora negativa. Com certa indignação, houve o empréstimo cerca de dez segundos para a realização daqueles exercícios.
Como hábito, fiquei mexendo nos meus papéis, olhando o celular e, às vezes, observava a reação do menino. "Ai, eu não vou fazer, não vou conseguir. Não sei isso, não.". Aquilo ecoou aos meus ouvidos como uma maneira meio preguiçosa de dizer "me ajuda!". Olhei de soslaio para a pedagoga e cochichei "Posso ajudar?" e fazendo meu olhar alternar entre o dela e o menino com a cabeça abaixada. Ela suspendeu levemente a cabeça para a frente, arqueou a sobrancelha esquerda e disse "poooode". Surpreso, o menino me fitou.
Troquei de lugar pedindo licença a ele para ficar a seu lado e comecei a explicar a primeira equação. O resultado dera em números inteiros. Senti um ímpeto de regozijo dentro de mim, estava dando certo. O garoto meio confuso me pergunta: "Mas, peraí, você é professora de Matemática?" Eu: "Não, de Português! Só que dessas equações e suas resoluções eu lembro" Ele, meio confuso: "Ah, sim, engraçado. De português?!" Eu: "Isso mesmo. Vamos continuar?", "O.k.".
Após alguns minutos de explicações, enquanto ele resolvia os cálculos, comecei a me lembrar da época em que eu resolvia tudo aquilo com habilidade e ainda ajudava meus colegas de classe. Eu realmente gostava de matemática, "como virei professora de Português? Inglês?". Passada a nostalgia, resolvemos aquela atividade completamente. O menino satisfeito, contemplando a folha em suas mãos levantou-se e disse "Terminei!". A pedagoga em resposta: "Muito bem! Agora volte para a sala". Ele, antes de sair, voltou-se para mim e enunciou o temido "Valeu!". Em resposta "... De nada (?!)". Confesso que foi estranho responder a esse agradecimento, tal como se o menino tivesse retornado à sala sem nem ter agradecido. Tal como se eu nem tivesse ajudado.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Limite

Quando eu me disponho a escrever é por que eu tenho algo engasgado que não pode ser jogado ao ar. Meu texto escrito faz com que eu reflita sobre determinado estado de espírito. Este ao qual, por pura manha, eu quero me apegar por algum tempo. É possível classificar como desabafo ou simplesmente a vontade de codificar pensamentos que não precisam ficar poluindo minha mente.
Esses pensamentos acabam influenciando minhas atitudes, como se eu tivesse que agir negativamente com todos, quando quem merece é apenas um. Então não vale a pena manter essa dominação. Afinal, quando se é persuadido a assumir certa postura, é porque houve relutância. Persuasão é o ato de convencer alguém a fazer algo que inicialmente não gostaria. É justamente nessa situação em que me encontro.
Resumidamente, não vejo vantagem em ter que aceitar palavras, ações, horários que considero incompatíveis com o que espero. Para acentuar a novela da minha vida, eu ainda me sinto obrigada a ter que sorrir, a guardar, a maquiar, a enterrar, a esquecer, a ser complacente, a ser agradável, a ser boazinha, a ceder o perdão, a olhar com alegria, a ser educada, a silenciar com alguém que não tem a mesma preocupação comigo.
Até há pouco, estava atuando muito bem, mas o meu limite foi encontrado. Se ciúmes pareciam ser o empecilho para que eu revertesse os papéis, agora não é mais. Não adianta permanecer ao lado de quem suga o meu brilho para utilizar em sua vantagem. Eu cansei. Se quiser me deixar, deixe-me. Já te mandei embora uma vez e você negou, agora leve consigo todas estas tuas qualidades que só favorecem a você mesmo.
Atormento-me um pouco em imaginar você com outra pessoa, mas tenho em mente também que a maneira como você age comigo se transportará para ela também. A gente não muda assim tão rapidamente. O ciúme, a possessão, a grosseria, os horários indesejáveis são particularidades que você carrega. Eu não aguento, pois tenho predisposição para carregá-los, só que reconheço os malefícios de cada um em uma vida a dois, por isso, evito-os. Então, se a tua decisão é ser inflexível, não some: suma.